Durante o ano de 2008 a crise capitalista arrastou a sociedade ao desemprego e governos de diversos países à bancarrota. A apatia da academia cada vez mais voltada ao conhecimento técnico e elitista foi incapaz de oferecer respostas aos principais conflitos que a sociedade contemporânea revela. A motivação principal de estudantes dos cursos de Economia, História, Psicologia, Ciências Sociais e Serviço Social além de um professor do Departamento de Política da PUC-SP foram superar esta apatia com conhecimento voltado para a transformação da sociedade, fundaram o Grupo Communards de ação direta e estudos marxistas (batizado de “communards” após uma seqüência de estudos sobre os escritos políticos de Marx em meio à Comuna de Paris, em homenagem aos métodos de organização independente da classe trabalhadora que tomou pela primeira vez o poder em Paris no século XIX). O grupo hoje conta com a experiência de 2009 - ano da fundação de um manifesto e ações de solidariedade com operários da fábrica da Mercedez-Bens - e reinicia suas reuniões em 2010 com a série de seções “Teorias da Resistência: Revoluções do Século XX” a respeito das diversas estratégias políticas adotadas durante alguns dos mais importantes processos revolucionários do século XX. Tendências históricas como o maoísmo, o anarquismo, a guerrilha e também o próprio bolchevismo serão alvo de inflexões pelo grupo que convidam toda a universidade a participar. A perspectiva para as reuniões que ainda contam com algumas dezenas de participantes tende a aumentar, uma vez que em cada curso existe uma necessidade própria de responder problemas que se colocam tanto no campo do conhecimento quanto no social, e que não encontram qualquer respaldo nos temas que normalmente as burocracias acadêmicas financiadas pelas fundações privadas gostam de adotar em seus currículos e aprovar em seus temas de pesquisa.
O marxismo, em especial, é bombardeado por idéias amigas do conformismo ou por aquelas anticomunistas; em contraposição a ele, dá-se lugar ao liberalismo, cada vez mais antiquado diante da crise do livre-mercado e a onda repressiva que gerou no Brasil, e em todo o mundo. Em cada curso superior estas questões aparecem com uma particularidade própria que afeta direta ou indiretamente a vida dos universitários. Foi assim que o Grupo Communards ganhou espaço na PUC-SP e pretende consolidar seus encontros. Hoje surge nos estudantes um claro questionamento do currículo das Ciências Sociais partilhado entre os interesses da burocracia que impede os estudantes de exercer a profissão de professores. Membros do Communards são parte do grupo que está fundando a comissão estudantil de representantes de sala, que será responsável pela reformulação do currículo das Ciências Sociais para a inclusão da licenciatura, no intuito de se organizar de forma independente da direção da universidade. Tanto a participação do Grupo Communards na calourada, em uma grande atividade de repúdio à ocupação militar no Haiti, conjuntamente com centros acadêmicos, quanto sua intervenção nas ações de greve dos Professores de SP e na greve dos operários da Philips do ABC, no intuito de transformar em conhecimento estas experiências, constitui parte de uma prática recorrente de solidariedade operário-estudantil. Este grupo que organiza panfletagens em fábricas, debates na universidade e forma encontros para debater teoria revolucionária é uma pequena experiência, daquela que precisa ser repetida nas diversas universidades pela juventude que existe hoje e tem aquela ânsia, ainda sufocada, de responder aos anos de traição da esquerda e encontrar uma resolução para os problemas sociais do Brasil e do mundo capitalista.
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